Um projeto de “pílulas literárias” – leituras gravadas de textos ficcionais e não ficcionais, em vários gêneros e temáticas – produzidas, lidas e gravadas pela autora e performer, Maria Carolina Machado.
O projeto nasceu em março de 2020, no início do isolamento social resultante da pandemia de COVID-19, sendo pensado para articular e movimentar a cena literária e dar visibilidade a autores e autoras, dos iniciantes aos já consagrados.
Neste projeto, indicações de prosas e poesias (trechos ou textos completos) são recebidos e selecionados para a gravação. Os textos podem ser da autoria de quem os envia ou a indicação de outras escritoras e escritores. Alguns textos também são escritos pela própria Maria Carolina Machado. O produto final desse projeto é uma série audiovisual, publicada em redes sociais (o que explica a hashtag em seu título), com a leitura dos textos em tempos e ritmos transformados pela quarentena. A ideia essencial é compor uma leitura que permita a descoberta do texto e sua cadência de interpretação no processo da gravação. O deleite com ritmos, palavras e seus significados estão no momento da performance.
Há uma interlocução da autora/performer com quem envia o material – uma conversa para saber sobre motivações para o envio, uma leitura inicial para conhecer o texto e o levantamento de ideias sobre espaços e formatos para a gravação. Não há um ensaio prévio, e a proposta é que não seja uma leitura dramática ou dramatizada. Maria Carolina Machado atua mediando a leitura do texto e trazendo a sua interpretação de linguagem e conteúdo para o espectador. A sua formação como atriz permite investir em algumas nuances durante a leitura, mas sem a característica de uma encenação teatral. O investimento é na sua presença enquanto leitora. O corpo, as palavras e a leitura estendem-se e confundem-se com os espaços da casa, que por conta do isolamento, acabaram ganhando outras intensidades de relação.
Até o momento foram gravadas 38 leituras e já foram lidos textos de Graziela Brum, Renata Fernandes, Mônica de Aquino, Erick Felinto, Cristiano Moreira, Virginia Woolf, Nanda Barreto, Leonardo Villa-Forte, Marcos Quinan, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Angélica Elisa Sonaglio, Geoffrey Blainey, Gabriela Silva, José Rezende Jr., Fernando Pessoa, Lucila Mantovani, Ylian, Chris Campos, Allex Medrado, Paulo Alcoforado, June Muller, Leandro Wirz, Rosana Braga Reis, Rui Costa, Juan Jose Saer, Patrícia Reis, Lorena Kalid, Gabriel Góes, Edivar Noronha, Artaud, Maya Angelou, Hilda Hilst, Waleska Barbosa, Gil Sampaio, Mia Couto, Ana Cristina Cesar, Maria Gabriela Llansol, Wislawa Szymborska, Luciany Aparecida, Kenneth Kock; e textos da prórpia Maria Carolina Machado.
#queroteler é um projeto de leituras de textos ficcionais e não ficcionais, idealizado pela escritora e atriz, Maria Carolina Machado. Ele contempla a gravação e postagem dessas leituras nas redes, e começou a ganhar um formato presencial com participações da escritora, em saraus, lançamentos de livros, mediações e debates sobre literatura.
Ao fazer as leituras, são expandidas as possibilidades de divulgação e visibilidade de escritores, escritoras e o fortalecimento da relação entre quem escreve, quem lê, e quem observa tudo isso.
Há a descoberta do texto e a cadência de interpretação durante a leitura. O deleite com ritmos, palavras e seus significados estão no momento da performance, tornando-se uma experiência única para quem participa.
Já foram centenas de autoras e autores lidos, incluindo, textos da própria Maria Carolina. Não é só uma leitura. É mais. É expor intimidades. Expor o texto, os espaços, detalhes e intenções da obra criada e do corpo ao dizer a palavra.
Há a descoberta do texto e a cadência de interpretação durante a leitura. O deleite com ritmos, palavras e seus significados estão no momento da performance, tornando-se uma experiência única para quem participa.
Maria Carolina Machado
Maria Carolina Machado é escritora, pedagoga, atriz, pesquisadora e mãe. Nasceu em Belo Horizonte, em 1980, e cresceu em Brasília. Tem uma trajetória de mais de 20 anos de prática artística, principalmente, nas artes da cena, atuando em um dos principais grupos de produção e pesquisa teatral do Distrito Federal, o Teatro do
Concreto. Destaque para os espetáculos “Diário do Maldito” (2006), “Entrepartidas” (2010) e para “Borboletas têm vida curta” (2006), onde assina a dramaturgia. Em 2019, foi uma das poetas selecionadas para a residência artística “Tomar Corpo” do Kaaysá Art Residency, tendo três poemas escolhidos para compor a coletânea de poesias “Tomar Corpo” (Jandaíra, 2021).
Foi premiada na categoria Poesia Falada pelo Itaú Cultural (edital Arte como Respiro, 2020) e convidada pelo SESC- DF para participar do “Sarau Video Poética” (2020) com a criação e apresentação de uma série de 9 vídeos-poema, que ressaltaram a linguagem poética na relação entre movimento, som, imagem e performance. Criou projetos como o MAMU (mapa de coletivos de mulheres) e Mamangava ( polinizadora de projetos de mulheres) – iniciativas transbordadas durante a construção da Organização Feminista Casa de Lua, em São Paulo (2013).
Atua na pasta de livro, leitura e literatura do Ministério da Cultura; e é mestranda, em “Processos Composicionais para a Cena”, e pesquisa corpo e processos de criação, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPG-CEN), Universidade de Brasília.
O livro Esplendor é publicado pela editora brasiliense Avá e realizado com recursos do Fundo Apoio à Cultura do Distrito Federal.
Sua escrita sempre esteve presente em todas essas trajetórias, desde sua organização mais formal e institucional, até suas buscas pessoais. Foram vários os cursos de escrita criativa; as residências literárias e cênicas; as aulas sobre a aventura de contar-se e as escritas de si. Natalia Smirnoff, Leila de Souza Teixeira, Jéferson Assumção, Fabricia Walace, Renato Ferracini, Ana Cristina Colla, Sheyla Sheyla Smanioto, Ingrid Fagundes, Margareth Rago, Renata Fernandes, Lorena Kalid, Paulo Conceição Rocha, Alexandre Arbex, Ludimila Moreira, Mariela Mei, Rodrigo Savazoni foram alguns de seus professores, professoras e interlocutores durante esta artesania
Todas essas possibilidades têm a sua verve artística engajada e trouxeram, inclusive, uma pesquisa de mestrado, em curso, sobre corpo e processo de criação, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPG-CEN), Universidade de Brasília. A motivação para esta pesquisa vem de como as suas histórias de vida e práticas artísticas forjaram seu corpo. A sua escrita têm tomado, portanto, o peso de uma expressão máxima; e ao ser também atravessada pela vivência da maternidade – uma marca na sua história – pôde forjar um corpo materno, erótico e abrir a percepção de um corpo artista e criador. O que cria um corpo que cria?
Nasce, assim, Esplendor, seu livro de estreia, que narra a fabulação de uma mulher em situação com a vida, ressignificando a sua relação com o corpo, os corpos, a casa, os objetos, a cidade, a filha, as memórias, o tesão, a loucura, o medo, a audácia. Uma história de amor e abandono. A epopéia de um corpo cindido e desejoso em reabitar sua capacidade de criação artística e ver a luz, novamente, refletida na integralidade do seu corpo erótico – materno. Esplendor publicado pela editora brasiliense Avá; e realizado com recursos do Fundo Apoio à Cultura do Distrito Federal.
Desenvolve o Quero te Ler ( @quero.te.ler) – projeto literário de leituras de textos ficcionais e não ficcionais, que contempla a gravação e postagem dessas leituras nas redes e a participação em saraus, lançamentos de livros, mediações e debates sobre literatura.
Oficina de Leitura e Escrita de Cartas de Amor, em parceria com o projeto Nós Marílias, gerando uma intervenção cênica na Praça da Sé, em São Paulo/2013. Concebeu e produziu também a “I Mostra de expressões artísticas Mulheres que correm com os lobos – um mês inteiro de espetáculos de teatro, dança, performances e oficinas inspirados no livro da Clarissa Pinkola Estés. Criadora de projetos como, MAMU – mapeamento de coletivos de mulheres e o Mamangava – polinizadora de projetos de mulheres. Ingressou no serviço público, no Ministério da Educação (MEC), em 2005. Fez parte da SECAD (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade), SEED (Secretaria de Educação a Distância), SEB (Secretaria de Educação Básica) E SESU (Secretaria de Educação Superior). Coordenou equipes pedagógicas para a criação de conteúdos a partir das produções audiovisuais do canal TV Escola e fez parte da Coordenação Geral de Tecnologia e Inovação, acompanhando processos de formação, articulação e criação de conteúdo que envolvem projetos com o programa Educação Conectada, plataformas de formação do MEC, e repositórios de recursos educacionais digitais. Em 2013, exerceu a função de educadora e desenvolvedora de projetos na Ação Educativa do Museu Lasar Segall (museu federal da rede do IBRAM), em São Paulo. Atualmente, foi requisitada à ocupar um cargo no Ministério da Cultura e atua na Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da Secretaria de Formação, Livro e Leitura.